Ética é coisa relativa! ...Por João Gabriel.

O sociólogo Peter Berger escreveu um livrinho delicioso: "Introdução à Sociologia".

Um dos seus capítulos tem um título estranho e delicioso: "Como trapacear e se manter ético ao mesmo tempo". Estranho à primeira vista.

Mas logo se percebe que, na política, é de suma importância juntar ética e trapaça.
Para explicar vou contar uma historieta:Havia numa cidade do litoral um partido político tradicionalmente ético.

Os filiados daquele partido, como se sabia, sempre foram muito rigorosos nos seus princípios éticos.
Mas a cidade era governada por um grupo cheio de falcatruas, que, para os filiados e dirigentes daquele partido, era a vanguarda do elitismo e da corrupção.

Os dirigentes não poupavam as críticas aquele governo nas suas reuniões...

Aconteceu, entretanto, que, por razões pouco esclarecidas, o prefeito inimigo fez um convite para aquele partido participar do governo, oferecendo-lhes uma secretaria e seus respectivos cargos...

Foi um auê...

Os filiados mais ortodoxos foram unânimes em denunciar que aquela proposta não poderia ser aceita.

Mas, passada a exaltação dos primeiros dias, acalmados os ânimos, os mais ponderados começaram a analisar os benefícios que a proposta poderia trazer:
Emprego para muitos companheiros;
A eleição garantida de grupos privilegiados no partido.
Grana pra manutenção da sede;

Reuniu-se então a cúpula dominante para a decisão democrática.

Depois de muita discussão registrou-se a seguinte decisão no livro deatas:

"O partido dos éticos resolve aceitar o convite do prefeito e a secretaria com os referidos cargos na firme convicção de que o próprio grupo do prefeito ficará furioso em saber que os cargos e a secretaria ocupada por este partido renderá dinheiro que vai ser usado para derrotá-los na próxima eleição!"

É isso aí...

Ética é coisa relativa

...mas...

Um abraço do amigo João Gabriel.